terça-feira, 9 de março de 2010

2. História




Época Pré Invasão




A ilha de Timor atraiu comerciantes chineses e malaios, devido à abundância de sândalo, mel e cera. A formação do comércio local esteve na origem de casamentos com famílias reais locais, contribuindo para a diversidade etno-cultural.
Os portugueses foram atraídos pelos recursos naturais em 1514, trazendo os missionários e a religião católica que actualmente é predominante. Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o Timor Português. Em 1914, a Sentença Arbitral assinada entre Portugal e a Holanda, para terminar com os conflitos entre os dois países, fixaram as fronteiras que hoje dividem a ilha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Aliados (australianos e holandeses) envolveram-se numa dura guerra contra as forças japonesas em Timor. Algumas dezenas de milhar de timorenses deram a vida lutando ao lado dos Aliados, entre os quais se encontrou o célebre régulo Dom Aleixo.
Em 1945, a Administração Portuguesa foi restaurada no Timor Português. Seguiu-se um período de quase três décadas em que não se manifestaram movimentos independentistas.
As guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Timor. A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em acção na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida no território".


A Invasão da Indonésia

"A 28 de Novembro de 1975, após uma breve guerra civil, a República Democrática de Timor-Leste foi proclamada. Apenas uns dias depois, a 7 de Dezembro de 1975, a nova nação foi invadida pela Indonésia que a ocupou durante os 24 anos seguintes. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem forças militares suficientes para repor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilha de Ataúro.
A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu as simpatias do governo dos EUA e da Austrália, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela Comunidade Internacional.
À invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós II Guerra Mundial. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam sistemática e incontroladamente meios brutais de tortura, a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização" e procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses.
Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português e a islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27ª província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo no Mar de Timor.
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos recursos materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, pela morte em combate de Nicolau Lobato ou por detenção de Xanana Gusmão. Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano com manifestações de massas e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli". Decisivo também foi o impacto que sobre a opinião pública mundial teve o massacre perpetrato em 12 de Novembro de 1991 no Cemitério de Santa Cruz, em Díli,pelo exército indonésio. A reversão da consciência internacional culminou em 1996 com a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao bispo D. Carlos Ximenes Belo e ao dirigente político José Ramos Horta, infatigável "ministro dos estrangeiros" da resistência timorense.


A Independência

Finalmente, a 30 de Agosto de 1999, os timorenses votaram num referendo em que o povo escolheu livremente o seu próprio destino. E, por esmagadora maioria, votaram pela independência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia. Este referendo foi promovido pelas Nações Unidas. O exército indonésio viu-se assim forçado a retirar, mas não sem antes ter incendiado e destruído cerce de metade dos edifícios de Díli e das demais sedes de concelho.

Em 20 de Maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste.

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